sexta-feira, 20 de novembro de 2015

RIO DE JANEIRO: MUITO MAIS DO QUE UMA CIDADE OLÍMPICA – PARTE V - AVENIDA MEM DE SÁ E RUA DO LAVRADIO




 
Escadaria Selarón

Estamos quase no fim do nosso tour na Lapa, mas antes de seguir adiante, lembro que seria bom tirar umas fotos na  Escadaria Selarón. Ela foi criada pelo artista chileno Jorge Selarón em 1990 e também é um belo cartão postal da cidade. E também é  grátis.
 No dia 10 de janeiro de 2013, Jorge Selarón, então com 65 anos, foi encontrado morto, queimado, nas escadarias da Lapa. O artista estava sendo ameaçado por um ex-colaborador de seu ateliê, que queria obrigá-lo a ceder os rendimentos obtidos com a venda de quadros.
 
Jorge Selarón
  
A Escadaria  Selarón já foi matéria de muitas revistas, jornais, documentários, comerciais de TV e serviu de cenário para clipes de U2 e Snoop Dogg. Quem quiser tirar umas fotos na escadaria, o que é muito comum, é só chegar na Rua Joaquim Silva, na Lapa e a Rua Pinto Martins, no bairro de Santa Teresa. Fica a apenas 5 minutos a pé dos Arcos da Lapa.




 Se você já se divertiu na Lapa, então vamos prosseguir o nosso trajeto pelo Centro do Rio. O nosso foco agora está na Rua do Lavradio e na Avenida Mem de Sá. Conhecida por suas casas noturnas, a Rua do Lavradio também é conhecida pelos seus antiquários, brechós de móveis e quinquilharias, além da  Feira do Rio Antigo.


 
A rua foi aberta em 1771 pelo 2º Marquês do Lavradio, Luis de Almeida Portugal Soares de Alarcão Eça e Melo Silva e Mascarenhas, que por dez anos foi Vice-Rei do Brasil (1769-1779).



O Marques mandou construir a sua residência nessa rua, cujo prédio ainda se localiza na esquina com a Rua da Relação, onde promovia muitas festas e reuniões sociais como forma de compensar as poucas opções de lazer da capital da Colônia. Atualmente, a construção abriga a Sociedade Brasileira de Belas Artes (SBBA).


Todo primeiro sábado do mês a rua é tomada por barracas que vendem roupas, acessórios, discos de vinil, móveis e objetos de decoração, além de uma infinidade de quinquilharias. A programação cultural é variada e oferece exposições, shows e apresentações de dança, sem contar com os bares com cadeiras ao relento. 



Já na Avenida  Mem de Sá, que foi construída no início do século XX para ligar a Lapa a Zona Norte, você também encontra vários restaurantes e bares pra beber e comer. E você vai se surpreender com a quantidade de botecos localizados nessa  via.



 
 Você percebeu que é possível se divertir no centro do Rio sem gastar muito? Pois é, o Rio de Janeiro tem muita diversão e cultura  fora da Zona Sul.  


OS AUSENTES E OS INVISÍVEIS




Oprah Winfrey

       A última fase do processo da cadeia de produção e distribuição dos produtos de jornalismo impresso e editoriais, as bancas de jornais e revistas, apesar das mídias eletrônicas, ainda possuem a importante atribuição de nos informar dos fatos mais importantes do nosso dia a dia.


Beyoncé

    Ainda é através das bancas que a grande mídia difunde as notícias e vários outros assuntos. Nas bancas, você encontra revistas que abordam os mais variados temas, como moda, música, religião, esporte, saúde, profissão, quadrinhos etc. Instaladas em lugares estratégicos, próximas das padarias, das farmácias, dos mercados e nas esquinas, não se consegue passar por uma banca sem que por ela tenha que parar. As previsões apocalípticas não se concretizaram, os jornais e as revistas continuam nas bancas. Não como antes, mas as gráficas não pararam.


Serena Willians
      Mas é curioso que ao depararmos com a exuberância das cores das revistas e jornais expostos em seu interior e exterior, as bancas não exibam os rostos negros e pardos que habitam essa imensa nação multiétnica. Não é por acaso que grandes emissoras de TV, rádios, revistas de grande circulação e sites de prestígio dão tanto espaço para pretensos acadêmicos condenarem as políticas públicas em favor da população negra deste país, particularmente o sistema de cotas nas universidades públicas. Esses debates, que utilizam como argumento predominante o mérito, na verdade escondem o receio de perder privilégios.
Sueli Carneiro
Intenção revelada
     Mesmo com a engenhosa sutileza do racismo brasileiro, as bancas de jornais e revistas conseguem “revelar” a face mais perversa do nosso racismo. A invisibilização da população negra. O que o Estado brasileiro tardiamente reconheceu e a grande mídia insiste em ocultar, as bancas de jornais e revistas “revelam” que existe.

Chimamanda Ngozi Adchie

      Em recente visita ao Brasil, o cineasta americano Spike Lee se disse surpreso com a primeira de suas constatações: a ausência de negros na mídia brasileira. Na primeira vez em que esteve no Brasil, 25 anos atrás, Lee ficou “chocado” ao ver que na TV, em revistas, não havia negros. O cineasta americano afirmou ainda: “Quem nunca veio ao Brasil e vê a TV brasileira via satélite vai pensar que todos os brasileiros são louros de olhos azuis.”


Spike Lee
        As bancas “revelam” que os negros não se vestem, não compram carros, não escovam os dentes, não praticam esportes, não têm filhos, não comem margarina, não cuidam da saúde e também odeiam participar de campanhas publicitárias. Enfim, as bancas de jornais e revistas “revelam” a verdadeira intenção da classe que detém o controle da mídia no Brasil.
Lupita Nyong'o

 [Júlio Ribeiro Xavier é historiador, Pelotas, RS]
Fonte: Observatório da Imprensa

Segue abaixo o link sobre o assunto.

https://youtu.be/b2ufGF8WDWo

OLIMPÍADA DE 2016: O RIO ESTÁ PROTEGIDO!





Atiradores do Exército Brasileiro

 
Com a aproximação da Olimpíada do Rio de Janeiro de 2016 e os recentes atentados ocorridos em várias partes do globo, a pergunta é: o nosso País está preparado para realizar ações antiterroristas e contraterroristas.    
Ainda que o Brasil não seja um alvo tradicional de grupos extremistas internacionais para o terrorismo, a hipótese de que o País possa ser o palco de uma ação terrorista, ou seja, local de uma ação violenta contra um alvo não nacional, não pode ser desconsiderada, diante da atual conjuntura internacional.


No entanto, o Brasil já demonstrou que tem capacidade para realizar grandes eventos, sem que a segurança esteja em risco.   
Basta lembrar que outros eventos de grande porte ocorreram no País, como os Jogos Pan-Americanos, os V Jogos Mundiais Militares, a Rio + 20, a Copa das confederações, a visita do Papa Francisco  e por último a Copa do Mundo de 2014, que também foi um exemplo claro de que todo o trabalho de segurança desenvolvido atingiu sua meta.
Para a Olimpíada de 2016, o Rio de Janeiro vai contar com um plano de segurança com mais que o dobro do número de agentes empregados nos Jogos de Londres de 2012. O projeto do Rio também supera o esquema de Atenas  em 2004, quando foram utilizados 75 mil homens de diferentes forças.

Atuação da Polícia Federal

Apenas na cidade do Rio, o esquema de segurança contará com algo em torno de 70 mil agentes públicos e privados de segurança. O número total de homens pode chegar a 85 mil levando-se em conta o esquema de segurança nas outras cidades-sede do futebol: São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Salvador e Manaus.
A cidade contará também com uma novidade que é a criação de um Centro Integrado de Enfrentamento ao Terror para prevenir eventuais ações terroristas. O projeto do centro está em fase final de elaboração e, de acordo com as autoridades, deve ser instalado na própria cidade do Rio de Janeiro.
 
Centro Integrado de Comando e Controle



Nesse sentido, podemos esperar que com toda essa estrutura de segurança montada, a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro possa ocorrer em um ambiente seguro, garantindo que o território nacional não seja palco de ações terroristas.

sábado, 14 de novembro de 2015

OS ATAQUES DO ESTADO ISLÂMICO NA EUROPA E AS CONSEQUÊNCIAS PARA OS MUÇULMANOS



Análise: Quais podem ser as consequências do ataque para os muçulmanos na Europa?
Rafael Gomez* Da BBC Brasil em Londres

Par de tenis deixado durante a fuga do local onde ocorreu um dos atentados.

    Os sangrentos ataques em Paris, nesta sexta-feira à noite (13 Nov 15), podem representar um ponto de inflexão para a Europa em um momento delicado de sua história.
     Eles potencialmente geram um fator de união (como sempre ocorre neste tipo de tragédia) em relação ao tema mais delicado do momento nas relações entre os países do continente: a formulação de uma política comum em relação à onda de imigração proveniente de países de maioria muçulmana.
    Nunca se tornou mais urgente a busca de uma solução comum. Neste momento, a reação na França é, como não poderia deixar de se esperar, de intensa comoção e choque. O próximo passo, que já se faz ouvir em meio às lágrimas e o sangue, será a busca de culpados.

Bandeira do Estado Islâmico

      Agora que o grupo autodenominado "Estado Islâmico" reivindicou a autoria do ataque, o natural é que a maior parte da opinião pública pressione as autoridades para que tomem alguma atitude contra os muçulmanos como um todo - punindo-os coletivamente, ante a dificuldade de sempre de separar-se os muçulmanos radicalizados dos não.
      Dada a escala do massacre, é muito possível que essa visão prevaleça no gabinete do presidente François Hollande, em vez da visão comedida de não escalar a "guerra" contra os muçulmanos em um país em que tantos seguem a religião.

François Hollande - Presidente da França

       E a reação mais fácil nesse sentido seria fechar as fronteiras. Não de forma emergencial, como foi anunciado pelo próprio Hollande após o ataque. Mas eliminar a concessão de refúgio, fechar de forma indeterminada a entrada dos sírios e afegãos que atravessam o continente em um dos maiores movimentos de migração da história recente. Negar-se a receber mais imigrantes, por ora.
      Como esse movimento de um dos países maiores países da Europa Ocidental afetaria a reação de seus vizinhos - especialmente a Alemanha - em relação à imigração?
      Auspicioso o momento em que ocorre o ataque - ao final de uma semana que teve a cúpula dos países europeus e africanos, em que os europeus tiveram novamente a oportunidade de discutir a saída comum.

Angela Merkel - chanceler da Alemanha

      Nela, foram contrapostas as visões já conhecidas. A da Alemanha, defensora de que os imigrantes sejam distribuídos entre os países europeus seguindo um regime de cotas. A britânica, que prega que os imigrantes recebam ajuda e eventual refúgio antes de arriscarem a vida na travessia entre Turquia e Grécia.
       Não houve avanços. A Europa permanece dividida. Mas surgiram mais sinais que, com o ataque na França, devem ser agravados.
     Por exemplo: a Suécia, o país que, proporcionalmente à população, mais concedeu refúgio a imigrantes entre janeiro e junho, anunciou durante a reunião a reintrodução de checagem de fronteiras – tornando-se mais um país a colocar em xeque as regras do Espaço Schengen, de livre circulação no espaço da UE.

A direita européia

       Também é necessário ver os ataques sob o contexto de crescimento dos partidos de direita em vários países da Europa. E, na França em especial, da Frente Nacional, de Marine Le Pen.
       A semente da xenofobia que alimenta esses partidos já há muito desabrochou e gera frutos. Que efeito um ataque dessa magnitude em território francês teria sobre esse sentimento?
       É natural imaginar que, na França e em países vizinhos, as mortes apenas reforcem os argumentos desses partidos de que uma resposta mais contundente precisa vir, de alguma forma.
      Que não se leve em conta que a França já é um dos que menos concedem asilo em relação ao total da população (ganhando apenas de Finlândia e Reino Unido), segundo levantamento da Eurostat, a agência estatística européia.
        E a corda, como diz a sabedoria popular, sempre tende a arrebentar do lado mais fraco - neste caso, os imigrantes.

O fim do multiculturalismo?

        E os muçulmanos que já estão na França, o que podem esperar após o ataque?
       Pensando friamente, não há muito que Paris possa fazer além do que já fez após o episódio da Charlie Hebdo. Mais do mesmo: aumento da segurança nas ruas, uso de inteligência para tentar frear os agressores antes que eles possam agir.
       A população não muçulmana pode dar mais ímpeto para políticos que pregam uma saída radical. Marine Le Pen, assim, reforçaria sua posição para as ainda distantes eleições presidenciais de 2017.


       É claro que se espera também a reação contrária, com milhares tomando as ruas para inocentar os muçulmanos e pedir paz. Mas também, em vista de um segundo e ainda mais traumático ataque, é inegável que a posição dos pacifistas se torna mais fragilizada.
     De qualquer forma, um debate que há muito está na raiz das sociedades europeias deve voltar à tona com tudo: o debate sobre a sustentabilidade do modelo de multiculturalismo adotado nas grandes cidades europeias.
      Em um discurso em 2010, Merkel disse que o multiculturalismo era "profundamente fracassado". A controvérsia tomou o país, com o então presidente, Christian Wulff, retrucando que o islã já havia se tornado parte da cultura alemã. Cinco anos depois, o país recebe de braços abertos milhares de sírios e o "fracasso profundo" não gerou medidas claras de Merkel para proteger ou resgatar o que seria um "espírito alemão".
       Em 2011, foi a vez do primeiro-ministro britânico, David Cameron, que se manifestou a favor do fim do "multiculturalismo de Estado", alegando que os muçulmanos deveriam se adaptar aos valores do país. Novamente, o debate rendeu e, em 2012, em vista dos quebra-quebras em Londres durante o verão, analistas chegaram a falar que o multiculturalismo estava "morto".

Londres - Inglaterra

       Ainda assim, Londres continua sendo uma das cidades mais multiculturais do mundo.
     Pode um ataque dessa magnitude pode levar a medidas radicais para que os muçulmanos "amem ou deixem" os países não muçulmanos que adotaram como lar? Se sim, quais medidas seriam essas? E elas trariam resultado?
      Em meio a tantas dúvidas, difícil imaginar um cenário em que os muçulmanos possam sair ganhando.


*O jornalista brasileiro Rafael Gomez é mestre em Estudos da Rússia e da Europa Oriental pela Universidade de Birmingham, Reino Unido.