sábado, 27 de fevereiro de 2016

O COTIDIANO DOS PORCOS NO SENSO COMUM



Por dois dias consecutivos  eu encontrei com esse grupo ou vara de porcos revirando os sacos de lixos que amanhecem nas calçadas do bairro. Mas o cotidiano desses porcos não é somente de revirar o lixo a procura de sobra de alimentos. No senso comum o cotidiano se limita ao nosso dia a dia.  Mas o cotidiano não é só isso. Para Michel de Certeau o nosso cotidiano é composto de luta e resistência diária, e o cotidiano  desses porcos é de resistência diária e luta pela sobrevivência.
Mas quem é Michel de Certeau? O historiador francês Michel de Certeau(1925-1986) dedicou seus estudos a religião e experiências místicas entre os séculos XVI e XVIII. Depois de obter graduação em estudos clássicos e filosofia nas universidades de Grenoble, Lyon e Paris, passou a receber educação religiosa em um seminário em Lyon, onde entrou na ordem dos Jesuítas em 1950 e foi ordenado em 1956. De Certeau inicialmente entrara na ordem dos Jesuítas esperando atuar como missionário na China.
De Certeau tornou-se conhecido após publicar um artigo relacionado com os eventos da revolta estudantil de Maio de 1968 na França.
 Em 1980 publica "A Invenção do Cotidiano, um livro que analisa as maneiras como as pessoas individualizam a cultura de massa, alterando coisas desde objetos, utilitários até planejamentos urbanos, e como ele se  apropriavam.
No livro,  a vida comum é retratada como uma luta subconsciente e constante contra as instituições que competem para assimilar o homem (pessoa) comum do dia a dia. O principal objetivo do livro é compilar um vocabulário de conceitos, questões e perspectivas que tornaram possível a discussão formal das atividades "taticas" do dia a dia que se escondem atrás da máscara da conformidade.
 De acordo com um ditado que pode não ser tão popular, "O homem mais parecido com um porco é aquele que só é útil depois de morto."