Após um longo tempo sem uma postagem, estou retornando. Vamos falar sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial e para isso precisamos falar sobre a FEB. Criada
em 1943, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) combateu com os Aliados nos campos de guerra europeus. Após um
acordo que concedia terras do nordeste brasileiro como base para os EUA, o Brasil
deixa de ser neutro na Segunda
Guerra Mundial e passava a
preparar um efetivo de soldados para o combate. A opinião brasileira da época
desacreditava que o seu pequeno exército conseguiria ir de fato lutar ao novo
mundo, e diz que era mais fácil fazer uma cobra fumar cachimbo do que o Brasil
ir à guerra.
O Brasil só declarou
guerra aos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) três anos depois do início
dos confrontos. Até então, declarava-se neutro, posto que o governo de Getúlio
Vargas mantinha fortes ligações comerciais com a Alemanha. O torpedeamento de
navios brasileiros somou-se à pressão norte-americana, que estava do lado dos
Aliados (com França, Inglaterra e União Soviética).
De 1941 até 1943, 33
navios brasileiros afundaram decorrentes de ataques dos países do Eixo,
motivando a população ir às ruas no Rio de Janeiro cobrando um posicionamento
de Vargas. Estima-se que 971 brasileiros morreram em virtude desses ataques.
Como barganha, o presidente Vargas
aproveitou para obter dos Estados Unidos a promessa de reaparelhamento das
Forças Armadas brasileiras e de construção de uma grande usina siderúrgica, a
Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda. Até aí, ressalta a
historiadora Carmen Rigoni, a FEB não tinha sido montada. Vargas, enfim,
declarou guerra em agosto de 1942.
No início de março de 1943, Vargas
aprovou proposta do ministro da Guerra, general Eurico Gaspar Dutra, sugerindo
a criação da força expedicionária. O próprio símbolo adotado pela FEB, um
escudo com o desenho centralizado de uma cobra fumando cachimbo, surgiu como
uma provocação aos que diziam ser mais fácil uma cobra fumar do que o país
entrar na guerra.
O historiador Dennison de Oliveira, da
UFPR, ressalta que o projeto de mandar as tropas para guerra é brasileiro. “Os
Estados Unidos não queriam. Para eles, bastava o apoio formal. Isso reforçaria
que os Estados Unidos lutariam pelas Américas”, revela.
No mesmo dia em que
Hitler se suicida em Berlim, apresentam-se à FEB como prisioneiros de guerra o
comandante da 148ª DI alemã, general Otto Fretter Pico, acompanhado de 31
oficiais.
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Outro feito dos
pracinhas que entrou para a história foi a detenção da 148.ª Divisão de
Infantaria alemã, fazendo 15 mil prisioneiros, incluindo dois generais quando a
guerra já rumava para o fim. A FEB
encerrou a campanha na Itália como a única divisão daquele front a aprisionar
uma divisão alemã inteira.
Abaixo segue a sugestão
de livros sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial.
Os
Brasileiros e a Segunda Guerra Mundial,
de Francisco César Ferraz que é um dos historiadores mais categorizados
quando o assunto é a participação dos brasileiros na Segunda Guerra Mundial.
“Foi na localidade de Montese que os expedicionários brasileiros enfrentaram o
maior número de baixas em sua campanha, em 14 de abril de 1945.
Barbudos,
Sujos e Fatigados — Soldados Brasileiros na Segunda Guerra Mundial, de
Cesar Campaniani Maximiniano que é
Doutor em História pela USP. O autor
conecta depoimentos dos expedicionários com pesquisa e interpretação histórica
rigorosas. Trata-se de uma análise precisa da guerra — sem deixar de ser sua
crônica.
1944: O
Brasil na Guerra. O livro do historiador Hélio Silva é
um clássico, relativamente superado por estudos mais recentes, mas permanece
como uma boa crônica factual.
Nossa
Segunda Guerra — Os Brasileiros em Combate, 1942-1945,
de Ricardo Bonalume Neto. O autor desmonta o livro do jornalista William Waack, mas sua intenção é mais ampla: é contar como os brasileiros atuaram na Itália, em condições dificílimas.
de Ricardo Bonalume Neto. O autor desmonta o livro do jornalista William Waack, mas sua intenção é mais ampla: é contar como os brasileiros atuaram na Itália, em condições dificílimas.
O Brasil
na Mira de Hitler,
de Roberto Sander. O
jornalista Roberto Sander mostra que os alemães de fato bombardearam navios
brasileiros (mais brasileiros morreram devido aos torpedeamentos de navios do
que no front italiano). Não foram os americanos para forçar o país a entrar na
guerra ao lado dos Aliados.
A Estrada
para Fornovo,
de Fernando Lourenço Fernandes.O
autor diz que “campanha da Itália” era “uma frente secundária”, o que não quer
dizer sem importância. Citando Rubem Braga, o pesquisador anota que o “pessoal
da FEB” enfrentou “uma guerra dura, com um contingente mal treinado, mas que
se” saiu “bem e dignamente”. Fernandes sustenta que a FEB não enfrentou apenas
“divisões fracas” na Itália.
A Guerra
Que Não Acabou — A Reintegração Social dos Veteranos da Força Expedicionária
Brasileira (1945-2000),
de Francisco César Ferraz, doutor
em história pela USP. O autor escreveu um livro crucial para que o leitor
entenda o que aconteceu com os pracinhas durante e após a guerra. “Os soldados
eram recrutados nas classes mais pobres da sociedade. Alguns dos recrutados
viam na instituição militar a garantia de um emprego, refeição, abrigo.
Aliança
Brasil-Estados Unidos — 1937-1945, de Frank D. McCann. O
brasilianista Frank D. McCann é um dos maiores estudiosos do Exército
(“Soldados da Pátria — História do Exército Brasileiro: 1899-1937” é brilhante).
O historiador americano registra: “Os alemães estavam estupefatos com a
determinação dos brasileiros. Um capitão alemão em Monte Castello contou a um
tenente brasileiro feito prisioneiro de guerra: ‘Francamente, vocês brasileiros
ou são loucos ou muito corajosos. Nunca vi ninguém avançar contra metralhadoras
e posições bem defendidas com tanto desprezo pela vida… Vocês são verdadeiros
demônios’”.
Quebra-Canela
— A Engenharia Brasileira na Campanha da Itália, de Raul da Cruz Lima Junior. Quem
viu o filme “Estrada 47”, de Victor
Ferraz, no qual militares brasileiros desmontam minas para a passagem das
tropas que atacam nazistas alemães na Itália, certamente apreciará o livro
“Quebra-Canela — A Engenharia Brasileira na Campanha da Itália”, do general Raul
da Cruz Lima Junior. “O bravo pelotão da Infantaria do tenente Iporan foi a
primeira tropa do 11º RI a penetrar na cidadela de Montese, na tarde do dia 14
de abril de 1945; fê-lo com tal ímpeto que surpreendeu os observadores inimigos
postados na torre da Igreja.
Os
Soldados Brasileiros de Hitler, de Dennison
de Oliveira. O historiador
presume “que algumas centenas de brasileiros lutaram na Segunda Guerra Mundial
sob a bandeira da Alemanha nazista (leia resenha aqui).
O soldado Karl, que nasceu na Alemanha mas morou no Brasil e tinha irmãos
brasileiros, lutou ao lado do general alemão Erwin Rommel e morreu em 1942.
Crônicas
da Guerra na Itália, de Rubem Braga. Algumas das mais belas páginas sobre a participação dos pracinhas brasileiros na Segunda Guerra
Mundial foram escritas por um correspondente de guerra que também era escritor.
Os
Soldados Alemães de Vargas, de Dennison de Oliveira. O autor revela que pelo menos 800 dos militares que
integraram a FEB eram de origem alemã. Bruno Larsen foi o “único caso de um
integrante da FEB que desertou do serviço ativo em face do inimigo e a ele
espontaneamente se rendeu [em 3 de dezembro de 1944], tendo colaborado, em
algum grau, com informações e serviços em prol do esforço de guerra alemão”.
Larsen alegou cansaço de guerra e que “não queria combater contra os alemães”.
“As Duas
Faces da Glória”, do
jornalista William Waack. O
subtítulo do livro é “A FEB Vista Pelos Seus Aliados e Inimigos”. O livro é
frágil, como notaram os historiadores Frank D. McCann e Cesar Campiani
Maximiano e o jornalista Ricardo Bonalume Neto. Acredita-se que a razão é a
falta de conhecimento das particularidades do meio militar. Pesquisadores
chegam a falar em “ignorância”. Mas há também o preconceito contra militares,
sobretudo devido à ditadura instalada no país em 1964.
Senta a
Pua!, de Rui Moreira Lima. A
história da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial é quase sempre
vista do prisma do Exército. Por isso, e por sua alta qualidade, o livro “Senta
a Pua!” é importante. Trata-se da “história dos homens que integraram o Grupo
de Caça Brasileiro e a 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação (ELO)”. Rui
Moreira Lima participou da batalha e foi um piloto bem-sucedido. Ele
executou 94 missões nos céus da Itália.
Para concluir nossa abordagem sugiro assistir ao filme A estrada 47, que versa sobre a participação do Brasil na 2GM. Segue o link abaixo.
https://youtu.be/HiJxaJKkzLM
Para concluir nossa abordagem sugiro assistir ao filme A estrada 47, que versa sobre a participação do Brasil na 2GM. Segue o link abaixo.
https://youtu.be/HiJxaJKkzLM
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