sábado, 17 de novembro de 2018

A biografia do diplomata brasileiro Mario Gibson Barboza


Olá.
Na nossa postagem de hoje abordaremos o livro de um diplomata brasileiro que teve uma atuação destacada na política externa brasileira na década de 70.
"Na diplomacia, o traço todo da vida",  em sua 2a edição de 2002 foi revisada e ampliada. É uma  autobiografia onde o autor discorre sobre sua carreira como diplomata. Mais do que narrar sua atividade como diplomata, Gibson relata fatos relevantes da história da diplomacia brasileira.

Eu tenho esse livro na estante faz algum tempo, mas só recentemente manifestei interesse na sua leitura.  Ganhei do meu falecido irmão que trabalhou algum tempo com o escritor Paulo Coelho. Em 2002 Gibson disputou uma cadeira na Academia Brasileira de Letras com Paulo Coelho e o interessante é que o livro tem uma dedicatória de Mario Gibson Barboza a Paulo Coelho e sua esposa Cristina. Não sei como chegou, mas foi um presente e o livro está comigo.

Agora vamos falar sobre o conteúdo do livro. Com a atual importância do Brasil no cenário internacional achei importante resgatar essa temática.
Então aos fatos!
O diplomata Mario Gibson Barboza era pernambucano, nasceu em 13 de março de 1918 é iniciou a carreira de diplomata em 1940 e veio a falecer em 2007. Seguiu todas as sequências de promoções da carreira de diplomata, servindo nos EUA, Paraguai, Itália, Inglaterra, Grécia, ONU, Áustria e participou de várias outras missões diplomáticas. Em 1969  foi convidado pelo general presidente Emílio Garrastazu Médici para o cargo de Ministro das Relações Exteriores permanecendo até 1974.

Visita oficial ao Quênia com Jomo Kenyata

Durante esse período a frente do Itamaraty, Gibson atuou na resolução de diversas questões diplomáticas envolvendo países  como Portugal, Argentina e Paraguai.
No livro, o então  Ministro Gibson Barboza relata também uma viagem realizada a vários países do continente africano seguindo as orientações da política  externa do general Médici que visava ampliar as relações do Brasil com a África. Nessa oportunidade, contrariando os interesses de Portugal,  viabilizou acordos comerciais com Angola e Moçambique, países que ainda estavam sob administração colonial portuguesa.
Aassinando acordos na Costa do Marfim

Um fato de destaque no livro de Gibson foi ter sido o primeiro Ministro das Relações Exteriores da História do Brasil a visitar vários países da América Central além da Guiana e Suriname.
Em 1980, durante o Simpósio Argentino-Brasileiro, Mario Gibson declarou ser a favor da identidade latino-americana na luta por uma ordem mundial mais justa e condenou a postura dos países desenvolvidos de restringir a participação dos países em desenvolvimento na discussão de problemas internacionais. De acordo com o pronunciamento de Gibson o Brasil mantinha uma "atração globalista, em íntima cooperação com os países em desenvolvimento e, simultaneamente, em intenso diálogo com os países altamente desenvolvidos".
Visita oficial ao Senegal condecorado por Leopold Senghor

Ao finalizar o livro Mario Gibson apresenta suas restrições a  proposta dos EUA na criação da área de livre comércio das Américas, a ALCA e ao mesmo tempo  manifesta a necessidade de se consolidar e expandir o MERCOSUL. O diplomata também trata da importância do Brasil se empenhar  para ser membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.



Embaixador em Londres com o colar da Grã Cruz da Ordem de St. Michael e St. George

Considero que para se entender o processo de evolução da política externa brasileira é fundamental a leitura dos relatos de um diplomata gabaritado como Gibson Barboza.
Boa leitura.