segunda-feira, 1 de agosto de 2016

BRASIL: IMAGENS DE GUERRAS E REVOLTAS - A Guerra da Tríplice Aliança


        

Batalha de Lomas Valentinas
      Olá. Nas próximas postagens iremos abordar as guerras, revoltas e outros conflitos envolvendo o Brasil. Por conta do nosso interesse em destacar somente conflitos registrados através de imagens, seja através de fotografias, ou charge, nem todos os eventos ocorridos serão objetos de nossas postagens.

À esquerda o Imperador  Pedro II usando trajes típicos durante uma visita ao Rio Grande do Sul, 1965; à direita a última foto de Solano López, 1870.



     O nosso primeiro destaque é a Guerra da Tríplice Aliança, também conhecida por Guerra do Paraguai, ocorrida entre 1864 a 1870.
   A Guerra da Tríplice Aliança ocorreu no século XIX, mais especificamente durante o Segundo Reinado e se estendeu por mais de cinco anos. Foi a mais sangrenta da história da América Latina.


    O conflito foi travado entre o Paraguai e a Tríplice Aliança, composta por Brasil, Argentina e Uruguai, estendendo-se de dezembro de 1864 a março de 1870.
  A invasão da província brasileira de Mato Grosso pelo exército do Paraguai, sob ordens do presidente Francisco Solano López deu início as hostilidades. O ataque paraguaio ocorreu após uma intervenção armada do Brasil no Uruguai, em 1863. Em represália Solano López ordenou que fosse apreendido o navio brasileiro Marquês de Olinda. No dia seguinte, o navio a vapor paraguaio Tacuari apresou o navio brasileiro, que subia o rio Paraguai rumo à então Província de Mato Grosso.

As pretensões de Solano Lopes eram de conquistar terras na região da Bacia do Prata. O objetivo do Paraguai era obter uma saída para o Oceano Atlântico.
            A derrota do Paraguai marcou uma reviravolta decisiva na história do Paraguai, tornando-o um dos países mais atrasados da América do Sul, devido a diminuição da sua população, ocupação militar por quase dez anos, pagamento de pesada indenização de guerra, entre outros motivos.


A artilharia uruguaia na Batalha do Boqueirão, e ao fundo as tropas da Tríplice Aliança seguindo para o combate, 1866.
            As altas taxas de mortalidade na guerra não foram decorrentes somente por conta dos encontros armados. Entre os brasileiros, pelo menos metade das mortes tiveram como causa doenças típicas de situações de guerra do século XIX. A principal causa mortis durante a guerra parece ter sido o cólera.

Na foto  à esquerda, cadáveres de paraguaios vítimas da Batalha do Boqueirão, 1866; à direita um militar junto à dois meninos paraguaios,  vestidos com uniformes, 1868.

As forças uruguaias contaram com quase 5.600 homens, dos quais pouco mais de 3.100 morreram durante a guerra devido às batalhas ou por doenças. Já a Argentina perdeu cerca de 18 mil combatentes dentre os quase 30 mil envolvidos. Outros 12 mil civis morreram devido principalmente a doenças.
Um religioso brasileiro junto aos civis paraguaios. Militares das forças aliadas ao   fundo. Foto 1869.
 Com o decorrer do conflito, o Brasil sustentou praticamente sozinho a guerra, pagou um preço alto pela vitória. Durante os cinco anos de lutas, as despesas do Império chegaram ao dobro de sua receita, provocando uma crise financeira. A escravidão passou a ser questionada, pois os escravos que lutaram pelo Brasil permaneceram escravos.

Charge da imprensa paraguaia
            No início da guerra, o Paraguai teve superioridade militar em termos numéricos. Tudo indica que seu Exército era mais equipado e treinado do que os exércitos vizinhos. Além do mais, como as tropas paraguaias tinham sido expulsas da Argentina, este País reduziu tanto sua contribuição para o esforço de guerra dos aliados que, no final da guerra, havia apenas cerca de 4.000 soldados argentinos em solo paraguaio.

Oficiais do 2º Esquadrão de Artilharia  Oriental de Assunção-Paraguai
O Uruguai, teve presença apenas simbólica no teatro de operações durante todo o conflito. Já o Brasil aumentou seu Exército para 60.000 a 70.000 homens no primeiro ano das hostilidades, com recrutamento obrigatório, transferências da Guarda Nacional, alistamento de escravos de propriedade do Estado e alguns de propriedade particular (libertados em troca dos serviços na guerra) e a formação dos corpos de Voluntários da Pátria. Calcula-se que o Brasil empregou durante a guerra cerca de 140.000 homens.  Desse efetivo, estima-se que ocorreram cerca de 50 mil óbitos e outros mil inválidos. Alguns pesquisadores estimam que o número total de combatentes pode ter chegado a 400 mil, com 60 mil mortos em combate ou por doenças.


Ocorriam convocações para a guerra, mas a prática mais comum, no entanto, era a aquisição de escravos para substituir o convocado. Até o governo passou a comprar negros para as batalhas.  “Apresse a medida de compra de escravos e todos os que possam aumentar o nosso Exército”, escreveu dom Pedro II ao ministro da Guerra.


            Estima-se que mais de 20 mil escravos tenham lutado na guerra. O número representa cerca de 16% dos soldados brasileiros. Como é de se imaginar, eram tratados como inferiores pelos companheiros.
            A ordem do dia para a Batalha de Tuiuti, uma das mais importantes da guerra, determinava: todos os batalhões deveriam estar a postos, inclusive “os bagageiros e camaradas (criados) dos senhores oficiais”. Era uma clara referência aos escravos que estavam na guerra.

O Conde d´Eu (com a mão na cintura no centro a direita) e à sua esquerda, José Paranhos, futuro visconde do Rio Branco, e entre ambos, o visconde de Taunay, cercados por oficiais brasileiros.
A guerra comprometeu a economia do país e teve profundo impacto na sociedade e na vida política. A Guerra do Paraguai foi um divisor de águas na história do Império, ao mesmo tempo seu apogeu e o início de sua decadência.
O Exército Brasileiro passou a ser uma força nova e expressiva dentro da vida nacional. Transformara-se numa instituição forte que, com a guerra, acabou ganhando tradição e força interna e representaria um papel significativo no desenvolvimento posterior da história do país.
Duque de Caxias   - Foi o comandante das tropas da Tríplice Aliança, sendo substituído posteriormente pelo Conde D"Eu, genro do imperador D. Pedro II

Fontes de nossa pesquisa:
Iconografia: Biblioteca Nacional
BUENO, Clodoaldo. História da política exterior do Brasil. Brasília: Editora UnB, 2008.
DORATIOTO, Francisco. Maldita Guerra: nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
FERREIRA, Gabriela Nunes. O rio da Prata e a consolidação do Estado Imperial. São Paulo: Hucitec, 2006.
 Segue abaixo um link para assistir ao documentário sobre o tema.

https://youtu.be/2lGEagENznE

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