Militares brasileiros na Guerra do Paraguai |
Nesta
postagem vamos abordar as origens e o significado do termo “tarimbeiro” e qual
a sua importância nas Forças Armadas. De acordo com os dicionários, tarimba é um estrado de madeira, uma cama rústica,
dura e muito desconfortável, onde dormem os soldados nos quartéis e postos de
guarda.
Luiz Alves de Lima e Silva - Duque de Caxias |
A
definição de tarimbeiro no dicionário de Português é quem dorme
na tarimba. Soldado grosseiro, malcriado, o oficial que passou pelos postos de
soldado, cabo e sargento sem ter feito os cursos de formação de oficiais. No Brasil o termo tarimbeiro, até algum tempo, era um
termo pejorativo utilizado pelos oficiais formados por academias militares, portanto,
de formação superior, para designar oficiais do Exército que não frequentaram
aquele tipo de escola. Esses oficiais de carreira eram considerados inferiores
e de menos inteligência. Na época do Segundo Império, tarimbeiros eram oficiais
que chegavam até altos cargos da hierarquia por bravura, e heroísmo em combate,
não tinham o "refinamento intelectual" dos oficiais formados nas
escolas. Era dessa forma que "os cientistas”
ou “bacharéis”, oficiais da Escola Militar da Praia Vermelha, instalações que
hoje são ocupadas pelo Instituto Militar de Engenharia – IME, no Rio de Janeiro,
se referiam pejorativamente ao Marechal Deodoro da Fonseca e outros oficiais de
carreira, por não terem estudado em Escolas Militares. Essa divisão está
relacionada à politização do Exército e da Marinha após a Guerra do Paraguai e
aos desvios das suas atividades fins, caracterizada pelo conflito entre
militares envolvidos com o ensino e os que labutavam nos quartéis. Esses oficiais
preferiam serem chamados de “doutores” ao invés de alferes, tenentes ou capitães.
A oposição entre oficiais “tarimbeiros”
e “bacharéis” aumentou com a reforma de ensino promovida por Benjamin Constant (1890-1891),
quando Ministro da Guerra. Essa reforma privilegiou uma formação militar teórica,
que acirrava a oposição entre as duas
correntes.
Durante esse período a situação
das Forças Armadas era preocupante, pois a estrutura deficiente do “espírito militar”,
precisava ser radicalmente modificada. Havia
a necessidade do soerguimento do moral, do espírito militar e da
operacionalidade das Forças Armadas, pois as reformas de Benjamin Constant provocaram grandes deficiências nas instituições
militares da época.
Deodoro da Fonseca |
A Guerra Civil (1893-95) no
Sul do país, combinando com a Revolta na Armada (1894-1895) e até mesmo a guerra de Canudos, em 1897 atestaram as dificuldades que, principalmente, o
Exército passava em relação a sua operacionalidade.
Revolta da Armada |
Militares na Campanha de Canudos |
Em 1908, houve profunda reorganização do Exército
realizada pelo Marechal Hermes da Fonseca com a criação das brigadas estratégicas,
construção de quartéis e rearmamento do Exército com a aquisição de fuzis
Mauser 1908, metralhadoras Madsen e canhões Krupp com respectivas fábricas de
munições e criação da Arma de Engenharia.
Além
disso, em 1910, como Presidente da República, o Marechal Hermes enviou um grupo
de oficiais para a Alemanha, para um estágio de dois anos naquele País que, à
época, era considerado um dos melhores exércitos do mundo. Ao retornarem ao
Brasil, passaram a envidar esforços para modernizar e profissionalizar o
Exército.
Revista a Defesa Nacional |
Em
1913 um grupo desses militares, acrescidos de outros jovens oficiais que compartilhavam
dos mesmos ideais, mas que não haviam estagiado no exterior, fundaram a revista
A Defesa Nacional, uma revista de assuntos militares. Ela tinha a finalidade de
divulgar seus projetos reformistas.
O discurso
difundido pelo grupo era de crítica à situação vivenciada pelo Exército à época
e de apelo à reorganização da Instituição. Devido à maneira incisiva como se
expressavam, esses oficiais receberam a denominação de “Jovens Turcos’, uma
alusão pejorativa criada pelos seus opositores e que os comparavam com os jovens
oficiais turcos que, a exemplo deles, também haviam estagiado na Alemanha e, ao
retornarem à Turquia, participaram das lutas pela modernização e reconstrução
daquele país ao lado de Mustafá Kemal, em 1923.
Após a 1ª Guerra Mundial(1914-1918), com a derrota da
Alemanha, o Brasil contratou para o Exército e para a futura aviação em
processo de criação, a Missão Militar Francesa, que desenvolveu seu trabalho
aqui de 1920 até 1939.
Prosseguindo nas mudanças foi
criada em 1919 a “Missão Indígena” para a instrução na Escola Militar do
Realengo. Segundo o historiador Fernando Rodrigues, o nome da missão talvez esteja
ligado à tentativa de se implantar uma missão militar formada genuinamente por instrutores
nacionais e com uma cultura militar própria do Brasil, ainda que a base de sustentação
ideológica da Missão apontasse para o ensino militar germânico.
Com essas reformas
estruturais, o Exército deu um grande salto em sua operacionalidade e
profissionalismo, o que possibilitou uma atuação destacada na 2ª Guerra
Mundial, ao lado dos melhores exércitos do mundo atestando a importância dos “tarimbeiros”.
Alunos da Escola Militar de Realengo |
Fontes:
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Tarimbeiro
https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/ProclamacaoRepublica
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