Se você já chegou na Rua do
Ouvidor fica impossível não conhecer outras partes do Centro do Rio. Próximo a Ouvidor
tem a Confeitaria Colombo, que fica na Rua Gonçalves Dias. Passar na Ouvidor e não comer na Colombo é a mesma coisa que ir
ao Rio e não visitar o Cristo Redentor.
Nessa região você encontra várias igrejas com mais de dois séculos de
existência.
Obviamente que você já passou pela Praça XV de Novembro, onde
fica o Paço Imperial. O Beija-mão ocorria
no Paço. Foi lá que D. Pedro I disse “diga
ao povo que fico” e foi lá também que a Princesa Isabel assinou a lei que abolia
a escravidão no Brasil.
O escritor Lima Barreto fez 7 anos nesse mesmo dia e testemunhou o evento. Ele e seu pai participaram dos festejos que tomaram conta das ruas adjacentes ao Paço.
Concentração da multidão em frente ao Paço comemorando a Abolição |
O escritor Lima Barreto fez 7 anos nesse mesmo dia e testemunhou o evento. Ele e seu pai participaram dos festejos que tomaram conta das ruas adjacentes ao Paço.
Paço Imperial |
Bem próximo fica a Rua da Quitanda que já teve vários nomes, mas o
nome que mais chamou atenção foi Rua Sucussarará.
Nessa rua clinicava um médico que, após examinar um paciente (provavelmente
com hemorróidas), receitou-lhe e recomendou com forte sotaque britânico: “Tome
esse remédio que su c... sarará.”
Rua da Quitanda |
Aos sábados tem uma feira de antiguidades na Praça XV.
Vale a pena conhecer. Fica próxima da estação das barcas. Naquela região fica o Museu Histórico Nacional. Seguindo o tour cultural, na Rua
Primeiro de Março você conhece o Centro Cultural do BB, Espaço Cultural dos Correios
e a Casa Brasil-França. Tudo bem perto.
CCBB |
Casa Brasil-França |
CCBB e ao lado Espaço Cultural dos Correios |
Ainda não acabou. Se você tiver disposição
conheça o Espaço Cultural da Marinha. A principal atração é conhecer o palacete
da Ilha Fiscal. (É uma ilha que fica na baia de Guanabara e tem um palacete na
cor verde em estilo gótico.) Nesse local foi realizado o último baile da monarquia (9 de novembro de 1889)
antes da Proclamação da República (os historiadores consideram que foi um golpe de
estado).
Ilha Fiscal |
Esse evento foi muito badalado. Estava marcado para as 20h30, mas
desde cedo uma multidão se acotovelava em volta do Cais Pharoux, que dá acesso
à ilha, e nas ruas próximas para ver chegarem os convidados. A impressão que se
tinha era que boa parte dos 500 000 habitantes que contava o Rio de Janeiro
naquela época estava lá. Uma das seis bandas contratadas para a festa animava o
povo que prestigiava o evento vaiando ou aplaudindo os convidados. As roupas
das mulheres foram adquiridas nas lojas sofisticadas da Rua do Ouvidor. Os
cabelos, penteados por cabelereiros franceses, no mesmo endereço. Já os homens
abusavam das brilhantinas inglesas nos cabelos e nos bigodes.
Convite |
Registros da festa mostram
que foram consumidos em torno de 10.000 litros de cerveja, 304 caixas de vinhos,
champagne e bebidas diversas. Apesar de
todos os preparativos e ajustes o palacete da ilha Fiscal não disponha de
banheiros suficientes. Para os homens a saída foi “recorrer ao mar”, já as mulheres tiveram que apelar para baldes dispostos em
alguns cantos do castelo.
Uma lista divulgada, dos despojos encontrados nos
salões, na manhã daquele domingo incluía, por exemplo, oito raminhos de
corpete, três coletes de senhora, dezessete ligas, dezesseis chapéus, nove
dragonas, treze lenços de seda, nove de linho e quinze de cambraia. Às 5 horas
da manhã, após a saída dos convidados, os trabalhos de limpeza revelaram alguns
artigos inusitados espalhados pelo chão: além de copos quebrados e garrafas
espalhadas, foram recolhidas condecorações perdidas e até peças de roupas íntimas
femininas.
Se você gostou, continue acompanhando as nossas postagens, porque o caminho é longo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário