Com as Olimpíadas do Rio de
Janeiro ocorrendo em 2016 todos os olhares estarão voltados para a cidade
maravilhosa. Visitar o Rio de Janeiro
durante esse grande evento é uma boa oportunidade de conhecer pessoas de
todo o planeta, mas também de fugir das mesmices na hora de fazer um tour pela
cidade. Turismo no Rio pode ser mais do que Copacabana, Cristo Redentor, Pão de
Açúcar e Maracanã. A antiga sede da Corte e Capital da República é um museu a
céu aberto pouco explorado. Faremos algumas
postagens sugerindo alguns roteiros de passeios pela cidade e adjacências, sem
custo de ingressos ou quase gratuito.
Além do ônibus de linha e BRT, o metrô, o trem e a barca
são transportes seguros e facilitam o deslocamento na cidade. Você pode conhecer também a cidade de Niterói (barca e ônibus) que fica do outro lado
da baia de Guanabara e a Ilha de Paquetá. Mais antes vamos conhecer o Rio "além da Zona Sul."
A primeira parada é o centro
do Rio. As suas ruas respiram história. Podemos começar nosso tour cultural
percorrendo a Rua do Ouvidor. A via era o grande cenário do final do século
XIX. Toda a agitação se concentrava naquele local: as lojas mais chiques, as
livrarias, as discussões intelectuais nas confeitarias.
A
Rua do Ouvidor começou a ganhar importância com a vinda da família real para o
Brasil, por conta da abertura dos portos, em 1808. Comerciantes desembarcavam
da Europa e se instalavam naquela área. Por volta de 1821, chegaram as famosas
modistas francesas. Até Dona Leopoldina, primeira imperatriz do Brasil, fazia
compras na Ouvidor. O auge da Rua do Ouvidor, porém, foi durante o final do
século XIX.
Muitas
novidades chegaram primeiro à Rua do Ouvidor. Lá foi instalado o primeiro
cinema, o primeiro telefone, e surgiram a primeira vitrine, a primeira linha de bonde regular da cidade e
até o primeiro motel. Primeira rua de pedestres do Rio, a via também foi a
primeira a ter obras de calçamento, em 1857, e a receber iluminação elétrica,
em 1891.
Na
Ouvidor foi fundada a Academia Brasileira de Letras, em 1896. E grande parte
dos livros de Machado de Assis foi publicada pela Livraria Garnier, uma das
mais importantes da época e que funcionava na Ouvidor.
Vários
movimentos literários e políticos nasceram nas confeitarias e cafés da Ouvidor.
Além de Machado, Joaquim Manoel de Macedo, Olavo Bilac, Rui Barbosa, Coelho
Netto, Paula Nei, Quintino Bocaiúva, e outras tantas personalidades podiam ser
vistas circulando pela rua. O escritor Lima
Barreto era um frequentador assíduo. Muitos jornais tiveram sede na Rua do
Ouvidor, como o Jornal do Commercio, o Diário de Notícias e a Gazeta de
Notícias.
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Machado de Assis |
Mas
o declínio da via começou com a abertura da Avenida Central, atual Avenida Rio
Branco, em 1906, que foi a principal marca da reforma urbana realizada pelo
prefeito Pereira Passos no início do século XX, no Rio de Janeiro. Os principais comerciantes se transferiram
para a concorrente.
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Lima Barreto |
Hoje, a maior parte das lojas é de moda
feminina, mas sem o charme das modistas ou das grandes vitrines do passado, mas
vale a pena conferir e admirar as antigas edificações que hoje também abrigam excelentes
restaurantes com música ao vivo sem couvert e com preços acessíveis.
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Restaurantes da Rua do Ouvidor |
Mas se você gosta de tomar chope em um bar tradicional e com história, vai seguir reto e chegar na Rua da carioca, nº 39. Nesse endereço funciona o Bar Luiz.
Fundado no Segundo Império por Jacob Wendling, o Bar Luiz chamava-se originalmente Zum Schlauch ("A Mangueira" ou "A Serpentina" em alemão), uma referência ao fato de ali vender-se chope que circulava dentro de uma serpentina imersa no gelo, antes servido.
Embora continuasse na mesma rua, em 1901, o bar mudou de endereço e número, passando para o atual número 39 e a chamar-se Zum Alten Jacob ("ao Velho Jacob"), uma homenagem ao velho Jacob o fundador de origem judaica, mas que já estava retirando-se dos negócios e havia passado a direção do bar para seu afilhado, Adolf Rumjaneck.
Em 1908, o fundador parte para a Suíça e Adolf assume a direção do estabelecimento.
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Bar Luiz |
Nessa época circulam por suas mesas figuras de destaque da época, como os escritores Olavo Bilac e João do Rio. Em 1915, uma lei de valorização da língua portuguesa obriga a uma mudança no nome do Bar que passa a se chamar Bar do Adolph (embora fosse popularmente conhecido como "Braço de Ferro", em virtude do hábito do proprietário de disputar partidas deste "esporte" com seus clientes). Adolph com problemas de saúde, convida o austríaco Ludwig Vöit para sócio. Em 1926, com a morte de Adolph, Ludwig assume a direção do Bar e também a tutela da filha de Adolph, Gertrud Rumjaneck.
Com o início da Segunda Guerra Mundial o Bar esteve sob a ameaça de ser destruído por estudantes do Colégio Pedro II, após o afundamento de navios brasileiros por submarinos alemães. Para os estudantes o Bar do Adolph era uma homenagem a Adolf Hitler. O ato só não se concretizou por interferência do músico Ary Barroso, frequentador assíduo, que desfez mal-entendido. Pelo sim, pelo não, Ludwig naturalizou-se brasileiro e adotou o nome de Luiz, pelo qual o Bar passou a ser conhecido daí em diante.
Ainda não acabou. Só está começando. Acompanhe as nossas postagens e você nunca mais vai seguir aquele mesmo roteiro de tour para turista.