terça-feira, 17 de dezembro de 2019

BRASIL: IMAGENS DE GUERRAS E REVOLTAS - O CANGAÇO



Um raro caso de foto espontânea do casal: a imagem de Maria penteando os cabelos de Lampião foi registrada durante a filmagem de um 

documentário sobre o cangaço. Foto Benjamin Abrahão.



Olá. Novamente não consegui manter uma regularidade nas postagens. Muitos assuntos e dicas de livros ficaram na promessa. Então vamos aproveitar as férias na universidade e tentar recuperar o tempo perdido. Estamos postando novamente alguns temas da série "BRASIL: IMAGENS DE GUERRAS E REVOLTAS" que foram perdidos e outros que faltaram. Nesta postagem abordaremos o cangaço. Para muitos uma palavra desconhecida, mas que já foi manchete nos jornais do Brasil, particularmente no sertão nordestino. Há muitas controvérsias sobre o cangaço. Para alguns pesquisadores o cangaço estaria diretamente relacionado à disputa da terra, o coronelismo, vingança, revolta à situação de miséria no Nordeste e descaso do poder público. Uma outra corrente considera que foram ações de banditismo, crime e violência que se espalhou por quase todo o sertão do Nordeste brasileiro entre o século 18 e meados do século 20, onde esses grupos logo se transformaram em quadrilhas que aterrorizavam as cidades, realizando roubos, extorquindo dinheiro da população, sequestrando figuras importantes, além de saquear fazendas. 
Cabeças cortadas de membros do bando de Lampião, incluindo o próprio e sua parceira, Maria Bonita, mortos em uma emboscada em Porto da Folha, Sergipe. Elas foram expostas como troféu na escadaria da Prefeitura de Piranhas, no estado de Alagoas, este episódio simbolizou o fim dos tempos áureos do Cangaço. Foto de 1938 (Autor desconhecido/Acervo Sociedade do Cangaço).

Esse comportamento despertou o respeito e a admiração a vários integrantes do movimento, que eram considerados heróis por parte da população em razão da bravura e audácia.


A figura do cangaceiro era caracterizada, com a vida seminômade, vivendo em bando e vestindo roupas de couro curtido, armado com rifles, facas (peixeiras) e punhais. Esse tipo de sertanejo carregava consigo o material de que necessitava, todos afivelados em seu corpo. Por isso, o nome “cangaço”, atribuído a essa forma de levar pertences e mantimentos.

Maria Bonita, mulher de Lampião, posa para o fotógrafo libanês Benjamin Abrahão junto aos seus dois cães, Guary e Ligeiro, 1936. (Benjamin Abrahão/Acervo Abafilm).

  O cangaço avança mesmo a partir do fim do século XIX, quando em grande crise na região do nordeste a população se torna arredia aos líderes, crescem as figuras chamadas de “cangaceiros”.
O primeiro cangaceiro reconhecido como tal foi José Gomes, vulgo Cabeleira, tendo aterrorizado a região do Recife nos anos finais do século XVIII.


Cartaz de recompensa por Virgulino Ferreira da Silva. Créditos: autoria desconhecida.

Mas quem entrou para a história como o maior de todos os cangaceiros foi Virgulino Ferreira da Silva(1897-1938), o Lampião, que começou a atuar em 1920. Lampião, nasceu em Vila Bela, atual cidade de Serra Talhada, no Sertão de Pernambuco, no dia 7 de julho de 1897, em uma família de lavradores e criadores.


O cangaço atraiu Lampião em 1915, depois que sua família foi acusada de ter roubado alguns animais da fazenda de seus vizinhos, uma família importante na região. Perseguidos pela polícia e na fuga, sua mãe e seu pai foram mortos pela polícia. Decidido a se vingar, Lampião encarregou um dos irmãos de cuidar dos irmãos menores e com os dois mais velhos passou a percorrer os estados nordestinos, fazendo justiça com as próprias mãos e daí em diante,  com um bando formado, eles invadiam fazendas e saqueavam comerciantes. Por onde passava, torturava e matava, deixando um rastro de destruição e crueldade, porém eram vistos como um grupo em busca de justiça social, pois segundo alguns pesquisadores o bando de Lampião distribuía parte do roubo para as pessoas mais pobres.

Cangaceiro Barreira posa junto à cabeça de seu ex-companheiro de bando, Atividade, como prova de lealdade à volante. 


No entanto não podemos falar sobre Lampião sem citar Maria Bonita. Em 1929, em suas andanças pela região chegou ao povoado de Malhado da Caiçara quando conheceu Maria Gomes de Oliveira, que tinha 19 anos e morava com os pais, depois que se separou do marido. Logo, Maria entrou para o cangaço e tornou-se a famosa companheira de Lampião, “Maria Bonita”. Ela foi a primeira mulher a ingressar no cangaço.


Enfim, o resto dessa longa história vocês poderão descobrir acessando as referências bibliográficas e nos links abaixo.
Boa pesquisa e proveitosa leitura de um importante momento da História do Brasil.

O Historiador Tarimbeiro

Referências bibliográficas:
ALBUQUERQUE, Ricardo (org). Iconografia do Cangaço. São Paulo: Editora Terceiro Nome, 2012.

ANDRADE, Joaquim Marçal de. Os cangaceiros in Revista de História da Biblioteca Naciona, 6 de abril de 2014.

Pericás, Luiz Bernardo. Os Cangaceiros - Ensaio de Interpretação Histórica;. Editora Boitempo.2010.

Assista a "Há 75 anos, o Brasil assistia ao fim do cangaço - Jornal Futura - Canal Futura" no YouTube
Assista a "lampião rei do cangaço, vídeo reais com efeito de som" no YouTube
Assista a "A Mulher no Cangaço, 1976" no YouTube


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