domingo, 4 de junho de 2017

50 ANOS DA GUERRA DOS SEIS DIAS E O ÚLTIMO CONTINGENTE















O dia 5 de junho de 2017 marca 50 anos da ocupação da Faixa de Gaza, ocorrida na manhã em 5 de junho de 1967, dando início da Guerra dos Seis Dias. Sobre tal fato merece destaque a presença de militares do Brasil no conflito. Para muitos brasileiros parece estranho falar do Brasil na Guerra do Seis Dias, mas de fato ao raiar do fatídico evento, vários militares brasileiros estavam na Faixa de Gaza e no Monte Sinai. Na produção da minha dissertação de Mestrado abordei o tema utilizando várias fontes. Bibliográficas, documentais, fotográficas e entrevistas com ex-integrantes dos contingentes do Batalhão Suez. Boa parte da documentação pesquisada ainda não foi utilizada e eu postarei algumas no blog. A minha primeira postagem neste blog foi um vídeo com essas entrevistas e tem a duração de  cinquenta minutos.
A nossa pesquisa teve início em 2006, com o material encontrado no Arquivo Histórico do Exército, na cidade do Rio de Janeiro e foi concluída com as entrevistas em  junho de 2015, após a defesa da dissertação. 
Com o conflito do Canal de Suez (1956-1957) a Organização das Nações Unidas (ONU), convocou alguns países para participar do processo de paz naquela região e o Brasil, que na época tinha Juscelino Kubitschesk como Presidente, aceitou o convite e em 1957 enviou o primeiro contingente de militares para o Oriente Médio, permanecendo  até junho de 1967.
O Batalhão Suez, que junto com os exércitos de mais 8 países, (Canadá, Colômbia, Dinamarca, Índia, Indonésia, Noruega, Suécia e Iugoslávia) constituiu a UNEF, United Nations Emergency Force, criada com a finalidade de apaziguar a Guerra no Canal de Suez (1956/57).
Optei em entrevistar os militares gaúchos que participaram do primeiro, quinto, décimo terceiro e vigésimo contingentes. O Rio Grande do Sul, especificamente Porto Alegre, enviou militares que formaram alguns contingentes quase completos do Batalhão Suez. É importante ressaltar que, embora tais contingentes fossem requisitados exclusivamente no RS, sua constituição se dava por militares de diversas partes do Brasil, que estavam servindo nessas unidades.
O 5º contingente teve sua base formada em Porto Alegre. Após sua mobilização, foi enviado ao Rio de Janeiro para um período de treinamento e preparação, como era a norma vigente. Sua partida se deu em doze de agosto de 1958, a bordo do Navio de Transporte de Tropas “Ary Parreiras”, com destino a Port Said, no Egito, aonde chegaram a oito de setembro de 1958 e os outros contingentes obedeceram o mesmo procedimento com algumas modificações.
          Mas nesta postagem vamos ressaltar o 20º contingente que foi  aquele que gerou mais repercussão na imprensa e na própria “desconhecida” história do Batalhão Suez como um todo. Os militares do 20º contingente estavam na missão da ONU quando eclodiu a inesperada “guerra relâmpago”, desencadeada pelas tropas de Israel ao amanhecer daquele dia  em 1967.
Abaixo, segue uma reportagem da revista O Cruzeiro, disponibilizada no site da Associação dos Integrantes do Batalhão Suez.

"A revista O Cruzeiro, edição de 01 de julho de 1967 publicou uma denúncia dos soldados brasileiros de que os soldados israelenses que invadiram Gaza humilharam e saquearam os militares brasileiros que ainda lá se encontravam quando explodiu a guerra. No dia 5 os soldados israelenses entraram no campo Rafah, por cuja segurança o Brasil era o responsável; 4º) – A tropa brasileira no campo Rafah foi atacada pelos soldados israelenses e posteriormente concentrada fora do campo sob o controle de Israel; 5º) – Todo o armamento brasileiro do Campo Rafah foi recolhido por Israel, sendo transportado para lugar ignorado; a tropa foi  desarmada; 6º) – Ainda na manhã de 5 de junho, a tropa do campo Rafah foi alvo do fogo das armas de TIRO TENSO (metralhadoras) e de TIRO CURVO (morteiros e canhões); 7º) - A tropa brasileira foi concentrada e mantida em uma área sob a vigilância do Exército de Israel A PARTIR DAS 18 HORAS DO DIA 5  ATÉ AS 7 HORAS DA MANHÃ DO DIA 6. A ordem recebida dos comandantes israelenses foi de FICAREM SENTADOS TODOS SEM FALAR; 8º-) Toda a tropa foi mantida sentada – oficiais e praças. Com muita insistência, foram fornecidos cobertores, porque a noite era muito fria; [...] 10º) Durante a operação no interior do campo Rafah HOUVE PILHAGEM, por parte da tropa de Israel, do material pessoal brasileiro, com grave prejuízo para todos. Aquêles que tinham comprado e economizado alguma coisa, tudo ou quase tudo perderam. (Revista O Cruzeiro, 01 jul 1967)". Disponível em: www.batalhaosuez.com.br

Na produção da minha dissertação entrevistei alguns veteranos do Batalhão Suez que participaram da missão de paz na Faixa de Gaza. A partir dessas entrevistas prometi a esses veteranos que  produziria um vídeo com os seus relatos, já  que existe uma lacuna na nossa história que mantém esses fatos longe do conhecimento da população brasileira. Abaixo Segue o link com o vídeo.

https://youtu.be/jr15k4HBgpM



  

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