Batalha dos Guararapes – quadro de Victor Meirelles (1832-1903) |
A Invasão holandesa ocorrida em 1630 foi um período de
ocupação do nordeste brasileiro pelos Países Baixos durante o século XVII.
Uma boa oportunidade de aumentar o
conhecimento sobre este período da História do Brasil é ler o livro Traição (2008) do Professor de História da
Universidade Federal Fluminense, Ronaldo Vainfas.
O livro conta a história de Manoel de
Moraes, um jesuíta nascido em São Paulo no final do século 16 que era
missionário em Pernambuco que no contexto da ocupação de Pernambuco
pelas tropas holandesas, após combater no lado pernambucano, passou para o lado
holandês em 1634, traindo a resistência. Moraes acabou se mudando para a
Holanda, onde trocou o catolicismo pelo calvinismo. Lá, ele casou, teve filhos
e dedicou-se a várias atividades.
O livro de Vainfas revela que enquanto Calabar,
tido como o principal traidor, é figura certa nos livros didáticos de Ensino
Médio, Manoel de Moraes sequer aparece nos manuais didáticos.
Segundo Vainfas, Calabar como traidor da pátria brasileira é um anacronismo que, no
entanto, convinha a um tempo em que os historiadores estavam empenhados em
construir uma história pátria, confundida com memória da então jovem nação
brasileira.
Para o
autor Calabar traiu. Mas traiu o rei de quem era súdito, Filipe II de
Portugal ou Filipe IV de Espanha. E
traiu, sobretudo, Matias de Albuquerque, o comandante da resistência que tinha
depositado enorme confiança nele – que, por isso, foi implacável ao capturá-lo.
Trair o Brasil, Calabar não traiu, porque não existia o Brasil como nação.
No
livro Vainfas ressalta que ele não foi
o único, embora tenha sido o mais famoso e um dos primeiros.
A
maior parte dos que passaram para o lado holandês foi motivada pela convicção
de que a derrota era certa. O rei de Espanha, que também era o de Portugal, mal
enviava reforços. As derrotas militares se sucediam. A perspectiva de fazer
negócios rendosos com os holandeses pesou.
Enfim, é um livro importante para quem busca
um pouco mais de conhecimento histórico.
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